Os
fógos cobriam o céu da praça da rodoviária, a banda presente tocava em tom
instrumental, milhares de Ipuenses olhavam para o céu assistindo o show
pirotécnico no céu de Ipu, nossa cidade completava 173 de emancipação política,
de repente em meio a descontração um amigo me puxa e me informa em tom
sarcástico.
-Elias,
26 de Agosto, aniversario do Sávio Pontes...
Eu
sorriu e digo:
-Rapaz
esquece isso, Chicabana vai já tocar...
Outro
parceiro que ouve a conversa, não perde a vez e entra na conversa sorrindo:
-Rapaz,
isto não é uma boa lembrança para associar a festa do município... Risos...
Eu
sorrio também, ignoro a conversa, e carrego meu copo com mais bebida, e
continuo assistindo as luzes coloridas dos fogos brilharem no céu.
O
legado negativo deixado pelo ex-prefeito de Sávio Pontes não pode ser simplesmente
esquecido, talvez tentar reconstruir uma imagem positiva a respeito de sua
pessoa política, seja algo impossível, por mais que ainda tentem bater na tecla
do prefeito inovador e audacioso que passou pelo Ipu, a convicção de suas
falhas transmitidas a população não supera suas conquistas e seu trabalho
enquanto homem público.
A
administração novo tempo de trazia consigo a idéia da política macro, com a
realização de grandes obras e o desenvolvimento cultural e econômico da cidade,
foi uma esperança que brotou no coração do Ipuense em ver um dia a terra de
Iracema voltar a se desenvolver, superando aquelas cidades bem mais jovem que já
estão anos luzes a nossa frente, como Tiangua e São Benedito. A pessoa
do então deputado Sávio Pontes, homem de acesso livre ao gabinete do
governador, e de um discurso envolvente e acalorado, que contou com o apoio da
família Carlos na sua empreitada política, conquistou a maioria dos Ipuenses
nas eleições municipais de 2008, e Sávio se chefe do executivo Ipuense, em sua
terra natal.
Um
governo sem oposição, monopolizador e com o controle do legislativo foi a
receita completa para a indigestão política, em três anos de mandato sem
oposição. A farrinha compartilhada por todos, os amiguinhos momentâneos que
pintavam e bordavam dentro do seu governo e que já previam o colapso, e já
estavam prontos para dar o bote, achavam tudo muito maravilhoso. Tanto fez, que
em seu ultimo ano de governo veio as enxurradas de problemas, os amiguinhos
mudaram de lado e se passaram de cúmplices para vitimas, os apoios dos grandes
homens da política do Estado caíram quando a mídia entrou em cena e a opinião
publica lhe foi desfavorável.
Os
problemas começam em meio uma campanha política, Sávio vai preso, afastado,
reempossado (Muita Festa “Uh papai chegou”), afastado novamente, vai a uma
radio e dar uma entrevista estupenda e polemica tentando revelar o
caráter dos amiguinhos que estavam com ele durante todo o descaso e foram os protagonizares
de sua decadência política, perde a eleição com o grupo, retorna a prefeitura
sobre escolta policial, termina seu mandato em meio uma rejeição que dividia a
cidade que ainda tremia em clima eleitoral.
A
figura do prefeito Sávio Pontes, na historia Ipuense, será para sempre uma
recordação de um político audacioso, que não negava favores e que acabou corrompido
pelo sistema, por conta da carência de uma oposição no inicio de sua base
administrativa. Os amiguinhos se deram bem, se passaram por vitima, jogaram o
corpo fora e responsabilizara somente o chefe pelos descasos políticos e
administrativos da época, as farrinhas até continua, mas agora com um pouco
mais de cautela, pois a existência de uma oposição faz com que o novo gestor
tenha um controle maior sobre a maquina pública. Sávio hoje, fora do mundo
político, quem sabe até viva melhor, bem estruturado financeiramente, estudando
Direito, apenas recordando os psicodélicos acontecimentos de uma campanha
politica confusa e desordenada , que aconteceu dentro do ano de 2012, um ano
que com certeza marcou a sua vida.